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As ruas não tinham calçamento, não havia água encanada ou esgotos, não havia energia elétrica. O leito das ruas era
apedregulhado, tornando-se bastante irregular, e geralmente este melhoramento era levado pelas enxurradas, nas chuvas. As
calçadas existiam como proteção às paredes de taipa, e eram feitas de pedras bastante irregulares. A água utilizada pela
população era coletada diretamente no rio, e transportada até as casas em lombo de burro ou carroças. A iluminação pública
era feita com lampiões a querosene, em número de 88 no ano de 1885. Eram acesos à Ave-Maria (18:00h) e apagados à meia-noite.
Estavam limitados às principais ruas da cidade. O restante permanecia no escuro. Na década 1880-1890, a cidade de Amparo
experimentava um crescimento demográfico, político, econômico e tecnológico. A população do município cresceu de 9526
habitantes em 1872 para 16635 em 1888. Destes, aproximadamente 5000 moravam na zona urbana. O motor deste crescimento
foi, sem dúvida, a cultura cafeeira. O café começou a ser plantado nesta região por volta de 1830, mas somente em 1850 a safra
tornou-se significativa. Em 1867, Amparo exportou 200.000 arrobas de café, o equivalente a 1,4% da exportação nacional. Dez
anos depois, em 1877, exportou 400.000 arrobas, equivalendo a 2,6% do total nacional. Em 1891 exportou 978.700 arrobas, perfazendo
4,55% do total nacional. Isso também foi possível, graças à criação de um ramal ferroviário da Companhia Mogiana, que
teve sua estação, em Amparo, inaugurada em 15/11/1875. A imigração também não era novidade: em 1853 foi fundada a Colônia
Agrícola Boa Vista, de João Leite de Moraes Cunha, que contava com colonos alemães. No ano de 1855 Luís Pinto de Souza Aranha
fundou a Colônia de São Luis da Boa Vista e, Damião José Pastana, a Colônia de São Joaquim da Água Parada, ambos dispondo
de colonos portugueses. Em 1859 era fundada a Colônia São Joaquim, de Joaquim Mariano Galvão de Moura Lacerda, com portugueses
e franceses. Dentre os prédios mais significativos, já existiam: a Igreja do Rosário, a Igreja Matriz (atual Catedral),
o Mercado (inaugurado em 01/01/1887) e o Lazareto (local de isolamento para doenças contagiosas, especialmente a varíola;
já existia desde 1878, e o seu prédio em ruínas pode ser visto, hoje, nos fundos do Liceu, entre as ruas 7 de Setembro e General
Osório). Em 13 de Maio de 1889 foi inaugurado o Jardim Público, que ocupava metade da área atual. Também neste ano era
inaugurado o novo prédio da Cadeia, Salão do Júri e Câmara (hoje sede local da Polícia Militar). No ano de 1890 foram
inaugurados dois prédios que mudaram a face geral da cidade: o hospital Ana Cintra e o teatro João Caetano. O jornal "Correio
do Amparo" publicou em sua edição de 20 de Março de 1895: ... a grande importância capital que teve para nós
a inauguração destes dois bellos edifícios que tanto honram a nossa cidade ... ... Depois da inauguração do Hospital
Anna Cintra e do Teatro João Caetano o aspecto de nossa cidade mudou-se completamente: ou fosse que esses prédios servissem
de exemplo ou por uma notável coincidência, depois delles desenvolveu-se entre nós uma verdadeira febre de construcções mais
ou menos elegantes denotando o capricho dos habitantes e dando uma feição alegre e característica quem bem poucas cidades
do interior apresentam .... Em 1896 é inaugurado o Hospital do Isolamento, ao lado do Cemitério do Sylvestre, já
em construção. Por volta de 1897, a população contava com água em chafarizes e torneiras, espalhados pela cidade, alimentados
pelo reservatório da Biquinha. A iluminação pública elétrica foi inaugurada em 1898, com a construção da Usina da Bocaina.
A água encanada, diretamente nas casas, apareceu somente em 1902, assim como a rede de esgotos. Data desta época a construção
da conhecida Caixa dÁgua, na parte alta da cidade, entre as ruas Benjamin Constant e Silva Pinto. O calçamento em paralelepípedos,
último item de melhoramento, foi iniciado em 1907. O primeiro trecho calçado iniciava-se no Grêmio Português, na Avenida Bernardino
de Campos, passando pelo Largo da Estação, rua 13 de Maio, Largo da Matriz, rua 15 de Novembro, Largo do Rosário e rua Barão
do Socorro (atual Capitão Alceu Vieira e Luiz Leite), estendendo-se até o Grupo Luiz Leite.
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